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Chapitulo 3 : O Mistério da Carta


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Lamentavelmente, ao retornar do zoológico, Madil confessou que só não havia sofrido uma fratura craniana após cair da jaula do tigre porque foi salva por um saci dentro de um redemoinho. Esse ato resultou no castigo mais longo de Madil. Quando finalmente foi permitido que ela saísse do quarto escuro, já era o período de férias de Natal e Pedro já havia quebrado metade dos presentes de aniversário de Madil. Na primeira vez que ele usou a bicicleta de corrida, Pedro acidentalmente derrubou o Sr. Lobo enquanto andava com seu cachorro pela Praça da Liberdade. Madil estava feliz que as aulas tinham acabado, mas não conseguia evitar a presença diária de Pedro, Alex e Luis em sua casa. Embora todos fossem grandes e não muito inteligentes, Pedro era o líder do grupo por ser o maior, mais forte e mais burro, e os outros membros ficavam felizes em seguir o esporte favorito de Pedro: incomodar Madil.


Madil, por isso, tentava passar o máximo de tempo fora de casa, caminhando e sonhando com o fim das férias, quando teria a chance de ir para uma escola militar interna e finalmente ficar longe de Pedro. Pedro, por sua vez, tinha uma vaga na prestigiada escola italiana onde seu tio tambem havia estudado. Pedro achava isso engraçado e sugeriu que Madil fosse com ele cortar os cabelos, pois as garotas tinham a cabeça raspada no primeiro dia de aulano internato militar. Madil respondeu que ele é quem deveria ir, e que talvez se Pedro tivesse mais espaço na cabeça, ele poderia aprender mais e ser menos burro. Ela correu antes que Pedro pudesse entender o que ela tinha dito.


Certo dia de janeiro, tia Ana levou pedro a sao paulo para comprar novas roupas para quando as aulas no instituto italiano comecarem deixou Madil com a St. Labo. O Sr. Lobo não estava tão ruim quanto de costume. Afinal, fraturara a perna porque tropeçara em um queijo frances fedido e não parecia gostar tanto deles quanto antes. Deixou Madil assistir a televisão a casa nao cheirava tao forte e lhe deu um pedaço de bolo de chocolate que pelo gosto parecia ter muitos anos ou com pedacos de coisas verdes dentro.


Depos de 5 dias em sao paulo , pedro estava desfilando para a família reunida na sala de estar vestindo as novas roupas mais adequadas para o instituto. Os alunos de la usavam uniformes europeus com gravata e um casaca verde escuro, calções vermelho e chapéus de cerimonia branco nas cores da italia. Carregavam também um totem de madeira como os escoteiros mas eles usavam somente para bater uns nos outros quando os professores não estavam olhando.


Tio Paolo, com voz trêmula, afirmou que aquele era o momento mais orgulhoso de sua vida ao ver Pedro vestindo calções vermelhos curtos que quase mostravam suas nádegas. Tia Ana, emocionada, não conseguia acreditar que era seu "Pedrinho", tão adulto e bonito. Por outro lado, Madil não quis expressar seus pensamentos, pois achou engraçado ver Pedro apertado nos calções, parecendo um porco amarrado pronto para ser assado.


Ao despertar na manhã seguinte, Madil foi recebida por um odor desagradável na sala. Ela notou uma sacola preta próxima à porta de entrada e se aproximou para investigar. A sacola continha trapos sujos, o que a fez suspeitar que sua tia pudesse ter roubado de um mendigo. Madil perguntou a Tia Ana o que havia dentro da sacola preta próxima à porta da sala, e a tia ficou com os lábios contraídos e as sobrancelhas franzidas, assumindo uma posição rígida como costumava fazer quando confrontada com perguntas diretas. Tia Ana respondeu que eram as roupas do uniforme militar de escola que ela estava reciclando para Madil. Madil fez um comentário sarcástico de que não sabia que as roupas precisavam ser de um cadáver, mas tia Ana respondeu asperamente, repreendendo Madil. Madil preferiu não argumentar e sentou-se à mesa, tentando imaginar como seria sua aparência no primeiro dia de aula, como se estivesse usando roupas feitas de algas marinhas e couro de macaco envelhecido.


Quando Pedro e tio Paolo entraram na cozinha, ambos estavam com o nariz franzido por causa do forte cheiro do "novo" uniforme de madil. Como de costume, tio Paolo abriu o jornal e Pedro, com o cabelo desgrenhado, pediu à tia Ana para preparar um misto queite com o dobro de queijo. Foi então que a campainha tocou, provavelmente o carteiro com as correspondências. "Apanhe o correio, Pedro", disse tio Paolo por trás do jornal. "Não posso, pai, estou muito ocupado misturando meu Toddynho" respondeu Pedro olhando de forma provocadora a Madil,. "Então, Madil, vá buscar o correio", ordenou tio Paolo. Madil se levantou da mesa, arrastando a cadeira, fazendo o máximo de barulho possível.


Ela abriu a porta e agradeceu ao Sr. Borges pelas correspondências. Entre elas, havia um postal da própria tia Ana para tio Paolo sobre a viagem que fizeram a São Paulo com Pedro, uma carta da tia Gilda, irmã de tio Paolo, que estava passando férias em Londres, e um envelope que Madil sabia ser a conta de luz. Porém, havia algo a mais ali: uma carta endereçada a ela. Madil ficou parada, olhando para a carta, com o coração vibrando, as pernas tremendo e o estômago virado. Ela não conseguia acreditar que alguém havia escrito para ela, pois não tinha amigos, parentes ou era sócia de clubes. Mas lá estava, a carta endereçada tão claramente que não podia haver engano. O envelope era grosso e pesado, feito de pergaminho amarelado e endereçado com tinta vermelho-ruby, sem nenhum selo. Na carta, estava escrito.

"Sr. M. Silva, Quartinho de empregada na lavanderia, Praça da Liberdade 4, Belo Horizonte - MG".


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Madil ficou ainda mais surpresa quando virou o envelope e viu um lacre de cera verde musgo com um brasão que apresentava um mico leão dourado, uma arara, uma onça e uma cobra circulando uma grande insígnia fundida com as letras "CB". Ela olhou novamente para o envelope, tentando entender o significado daquele brasão. Mas então, tio Paolo gritou para ela se apressar: "Anda depressa, menina! Fazendo o quê? Procurando inventando a letra cursiva?", ele disse, rindo de sua própria piada. Madil guardou a carta no bolso de tras e foi entregar as correspondências para tia Ana. Ela não conseguia parar de pensar naquele envelope e no que poderia estar escrito na carta.


Enquanto Madil continuava pensando na carta misteriosa, tio Paolo rasgou o envelope da conta de luz com desdém e virou o postal da tia Ana que mostrava uma vista do parques de Sao Paulo. Tio Paolo deu um beijo de agradecimento na cabeça de Pedro e abraçou tia Ana. Eles abriram a carta da tia Gilda juntos e ficaram tristes ao saber que ela estava doente. Tio paolo pegou o telefone para ligar para a irmã e saber mais informações. Madil aproveitou a distração dos outros e saiu da cozinha, indo para o seu quartinho na lavanderia. Quando ouviu a voz da tia Ana, pare ai mocinha ! ela sentiu seu sangue congelar e suas pernas pararam como se tivesse se tranformado em pedra.


- O que é isso no seu bolso ?

-É minha! - disse Madil, tentando recuperá-la.

-Quem iria escrever para você?


Tia Ana, então, pegou a carta de Madil e começou a desdobrá-la enquanto a questionava sobre quem iria escrever para ela. O rosto de tia Ana rapidamente mudou de branco para amarelo cor de pus, como se ela tivesse visto um fantasma. Mas não parou por aí, em segundos, sua tez ficou pálida esverdeada, parecendo um mingau de musgo. Madil ficou preocupada e assustada com a reação extrema de tia Ana.


- Pa-PA-Paolo! Tia ana comecou a gritar

- Paolo! Ah, pelo amor de Deus, Paolo venha aqui!


Tia Ana e tio Paolo encararam-se com olhares fixos e tensos, parecendo ter esquecido que Madil ainda estava no corredor. Pedro levantou-se bruscamente, fazendo a cadeira cair com um barulho ensurdecedor, mas os tios não tiveram nenhuma reação.


Com uma voz firme e decidida, Pedro falou alto:

-Quero ler esta carta.

-Madil, furiosa, também queria ler a carta e disse:

-Eu também quero ler, porque é minha!

Tio Paolo, enfiando a carta no envelope, ordenou com voz rouca - Saiam os dois.


Mas Madil não se moveu.

-QUERO MINHA CARTA! Gritou ela.

Pedro, insistindo em ver a carta, exigiu:

-Deixa-me ver!


-FORA! - berrou tio Paolo, apontando para o quarto - Vocês não saiam até eu permitir. Agora, up up!


O corredor ficou em silêncio, apenas o som dos passos dos dois se afastando pode ser ouvido. Paolo - disse tia Ana com voz quase em um suspiro

- olhe só o endereço. Como é que eles poderiam saber onde ela dorme? Você acha que estão vigiando a casa?


- Não - disse ele decidido.- Não, vamos ignorá-la. Se não receberem uma resposta... É, é o melhor... não vamos fazer nada...


- Não quero ter um deles em casa, Paolo! porfavor podemos manda-la para o internato mais cedo ?

- Infelizmente nao, voce sabe que ate os militarem tem ferias no verao.


Naquela noite, tio Paolo entrou no quarto de Madil e, antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, ele a interrompeu abruptamente com um grito estridente:


-CALADA!


Algumas baratas saíram correndo de debaixo da cama. Depois de inspirar algumas vezes, ele falou com uma voz suave e calma, que mais parecia uma pessoa com problemas estomacais do que alguém gentil:


-Hum, sim, Madil, sobre este quarto. Estivemos pensando... você está ficando grande demais para ele... achamos que seria bom se você se mudasse para um dos quartos de visita, o menor deles, claro. Madil não se atreveu a fazer perguntas e decidiu apenas ouvir: se mudar para um quarto com janelas sempre fora seu sonho mas naquela noite, ela não dormiu, mas pela primeira vez não foi por causa de sua cama desconfortável ou das baratas, mas sim pela falta daquela carta que parecia mais importante do que um braço.

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